A alteração do PDM, que permitiu o aceleramento do licenciamento imobiliário e turístico, não foi sujeito a uma apreciação sensata, nem a população local foi consultada nas mudanças estruturais a acontecer no concelho. Isso torna impossível um planeamento capaz, integrado e respeitador do ambiente.
As consequências da construção invasiva (que já se fazem sentir) estão a ser ignoradas pela procura de lucro sem futuro.
Os projetos imobiliários, que incluem campos de golfe, hotéis com centenas de camas e piscinas em todas as grandes edificações, são um atentado à biodiversidade e vão agravar os problemas hídricos desta região.
Para além disso, as infraestruturas do concelho não estão a acompanhar o desenvolvimento. A recolha do lixo, o saneamento básico e eletricidade são serviços que falham regularmente às populações. Se neste momento, quando ainda não estão milhares turistas no concelho, já conseguimos ver as brechas nas necessidades básicas, como será no futuro?
A passagem de uma economia tendencialmente agrícola para uma zona de turismo massivo de lazer vai modificar a paisagem humana da região. No concelho de Grândola não há capacidade humana suficiente para receber tantos turistas. Os novos empreendimentos respondem a este desafio trazendo trabalhadores de outras regiões, o que aumenta ainda mais a pressão sobre as infraestruturas locais (casas, escolas, saúde, entre outros).
O aumento nos preços do arrendamento e compra da habitação já se faz sentir. Esta situação põe a população local sob pressão. Muitas pessoas sentem-se incentivadas a sair das aldeias onde cresceram, as suas casas e terrenos são ocupados por um turismo sem identidade levando a uma descaracterização do território.
A Proteger Grândola – Associação de Defesa do Ambiente defende uma estratégia de crescimento sustentável, economicamente viável e ecológica que não retire ao território as suas principais características e que contribua para o bem-estar e qualidade de vida da população.